Espiritualidade e sexo não são coisas incompatíveis, sexo não é "feio" e não necessariamente agride a espiritualidade da criatura. Não faria muito sentido tornar "feio" o instrumento através do qual fomos concebidos e chegamos a mais uma oportunidade de vivência terrena.
Temos que considerar a diferença de propósitos quando falamos de sexo, ou a diferença de intenções.
Estamos falando de uma guerra entre nossa personalidade e nosso ser superior.
Nossa personalidade usa o sexo para satisfazer seus desejos e impulsos, visando o prazer carnal e a reprodução; enquanto que, nosso ser superior utiliza a energia sexual na ascensão espiritual, envolvendo o amor.
Nosso ego controla nossos desejos, extravasando a energia sexual apenas pelo chakra sexual, sem elevar essa energia aos chakras superiores, dentro de um propósito divino, como almeja nossa alma. Na personalidade, especialmente no período da juventude, quando os hormônios masculino e feminino estão no seu auge, a sexualidade ocupa um papel destacado na maioria das pessoas, que olham para o sexo oposto como parceiros em potencial, sem considerar a possibilidade de uma relação de cunho espiritual. Em muitos casos, simplesmente deseja-se sentir o prazer que o sexo proporciona, e nada mais. Muitos inclusive que cedem aos naturais impulsos dos hormônios, na ausência de um parceiro sexual não conseguem se sentir felizes, e tornam-se irritadiços e mal-humorados.
Nossa alma busca elevar a energia do chakra Svadhisthana que significa “Morada do Ser” visando uma conexão com o Alto e para chegar a orgasmos muito mais satisfatórios, plenos de espiritualidade, ainda que incluam a volúpia carnal - pois serão regados de emoção, responsabilidade e muito carinho. Quando a alma está presente na relação, o sexo não é mais a satisfação de nossas descargas hormonais, mais um ato puro e legítimo de verdadeiro amor – independente de como ele se expressa. O nível de prazer é incomparável neste caso, podendo ser atingido o êxtase espiritual. O sentimento amoroso deve ser partilhado entre as partes do casal, seja de uma maneira suave ou intensa, mas legitimamente baseada em “cumplicidade”, onde os parceiros fundem-se em um só sentimento de confiança mútua. A alma coloca em primeiro lugar a outra pessoa e quer partilhar esse amor o maior tempo possível.
Nossos sentidos (tato, visão, paladar, audição) se aguçam e nos tornamos muito mais sensíveis ao intenso prazer.
Toda pessoa que está completamente centrada nos princípios divinos do Amor Incondicional e não admite outro tipo de relacionamento que não seja baseado na compreensão, companheirismo, amizade, cumplicidade, carinho, pode passar muito tempo sem ter relações sexuais, sem que isso lhe cause qualquer perturbação, até encontrar o parceiro que compartilhe de suas idéias e com o qual exista afinidade.
Já quem não vive o Amor Incondicional, e não tem noções de companheirismo, compromete as forças genésicas ao aglutinar no chakra básico, energias de baixa vibração, tornando o sexo uma necessidade que se não atendida, compromete o equilíbrio. O sexo meramente guiado pelo desejo é uma espécie de relação com amarras cármicas. Estas, são como fios de energia ligando um ao outro. Em toda relação sexual, existe troca de fluídos entre os parceiros. Cria-se um vínculo espiritual entre eles que não pode ser rompido facilmente.
Se a relação sexual é boa e edificante, que bom!
Se a relação sexual é baseada somente no desejo do corpo, é preocupante.
Se não dominamos nossos impulsos sexuais, poderemos ser envolvidos pelas amarras cármicas, por onde continuam fluir sentimentos entre as pessoas conectadas.
Por exemplo, se nos conectamos com uma pessoa mal humorada, com crises de depressão, ou com muita raiva, passamos a vivenciar essas pesadas emoções de nosso(a)(s) parceiro(a)(s). Muitas vezes, começamos a apresentar o mesmo comportamento daquele(a)(s).
Antes de nos envolvermos com alguém, devemos ponderar amorosamente o que isso vai gerar na outra pessoa e em nós mesmos!
Culpa? Remorso? Qual sentimento será gerado em você? Que tipo de energia irá trocar com a(s) outra(s) pessoa(s)?
A energia sexual é uma das mais poderosas do Universo. Tentar controlá-la não é tarefa fácil. Precisamos escolher entre nossa consciência animal e nossa Consciência Crística.
Devemos elevar nossos instintos mais primitivos para uma condição de Amor Incondicional, quando nos pegamos olhando para alguém ou pensando em alguém com desejo puramente sexual. Isto requer auto-vigilância constante!
Precisamos começar a aprender a trabalhar com a energia sexual e purificá-la.
E energia sexual pura não significa o evitar de “atos atrevidos”. Entre casais que se amam e que permutam de confiança, não há limites para a extensão do prazer e o “erotismo” se torna apenas ferramenta, instrumento para perpetuar a cumplicidade.
Energia sexual pura é a consciência de que nosso corpo não é isolado de nosso Aspecto Divino. Quando reconhecermos esta verdade, poderemos usar a energia sexual como um instrumento para nos conectarmos com Ele.
Precisamos abrir todos os nossos chakras, principalmente o do coração e não utilizar mais só o basal e o sexual.
Abrindo nosso chakra do coração para a energia sexual , quando estamos amando nosso par como a nós mesmos, fortalecemo-nos contra doenças físicas e/ou psíquicas.
A energia da sexualidade precisa encontrar seu caminho para a Força Criativa de Deus.
Uma das práticas para sublimar a energia sexual é a abstinência de ato sexual por um curto período de tempo, que varia de pessoa para pessoa, conforme sua providência e necessidade. Quando retomarmos as atividades sexuais, procuremos fazê-la com a alma.
O mais perigoso no tocante à energia sexual porém, é o seu potencial lesivo ao outro. O nobilíssimo mentor do saudoso Chico Xavier, Emmanuel esclarece: "As Leis do Universo esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os outros qual nos amamos. Para que não sejamos mutilados psíquicos, urge não mutilar o próximo. Em matéria de afetividade, no curso dos séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do narcisismo e, estirados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios, impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos descartamos em movimentação imponderada. Toda vez que determinada pessoa convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade. Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. É dada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na autodefensiva, entra em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinquência. Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro (...) Reencarnados que estaremos sempre, nesse sentido, até exonerar o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos no clima da irreflexão, aprenderemos no corpo de nossas próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós."
E a vida, com suas experiências intensas, ricas, e algumas vezes até dolorosas, vai nos ensinando a vencer em nós, os desafios que somos convidados a superar.
Sinta suas emoções! Conecte-as com seu Eu Superior. Seja o senhor de sua sexualidade e não se deixe dominar por ela. Eleve sua energia sexual ao Plano Superior, toda vez em que senti-la atuante em você. Independente de conceitos ou preconceitos de qualquer natureza, tenha sempre em mente que energia sexual não é algo feio, ou errado, e independente do grau de intimidade ou atrevimento entre duas pessoas, é o instrumento repositório para o equilíbrio.
Autor: Antony Valentim